segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Por que resgatar o Trabalhismo como caminho brasileiro para o socialismo?


A necessidade de identificação profunda dos partidos populares com a história das lutas sociais de nosso povo e com o nível de consciência possível dos vários setores do campo popular nos remeteu ao movimento histórico que culminou com o Ascenso das lutas populares na década de 60: o trabalhismo e seu projeto de libertação nacional que se expressou em um conjunto de reformas, conhecidas como “reformas de base[1]”.
Na luta pelas reformas de base, o nacionalismo, as bandeiras de afirmação nacional, do protecionismo à indústria, da intervenção estatal, da reforma agrária, da formação do mercado interno, da democracia política e social são radicalizadas, dentro de uma visão anti-imperialista, democrática e popular apontando na perspectiva de uma transformação social de caráter estrutural e de orientação socializante.
Transformação social pela qual lutou heroicamente todo um amplo movimento de massas e uma ampla frente de forças nacionalistas, democráticas e populares, as quais eram hegemonizadas pelos setores mais avançados do trabalhismo do velho PTB.
O confronto entre este projeto de desenvolvimento e os interesses das classes dominantes e do imperialismo norte-americano resultou na derrota do trabalhismo e na instauração do regime militar, onde o modelo de desenvolvimento capitalista dependente, baseado na “modernização” mediante a atração de capital estrangeiro e na subordinação ao imperialismo, foi levado às últimas conseqüências.
Hoje, apesar de passados mais de trinta anos, o programa levantado na década de 60 pelo trabalhismo ainda está na ordem do dia e por isso refundamos o Partido Trabalhista Brasileiro que pretendíamos que fosse um dos instrumentos do povo trabalhador para retomar historicamente e de forma coerente as lutas pelas reformas de base.
O perigo de uma sigla com profundo referencial na consciência popular nas mãos de uma liderança popular e coerente como Leonel Brizola, protagonista e liderança das lutas populares pelas reformas de base, fez com que a ditadura militar, através de artifícios jurídicos entregasse a sigla para político profissional conservadores nos levando a fundar o Partido Democrático Trabalhistas.
Um partido que herda as tradições do nacionalismo democrático, mas as moderniza e as supera, propondo claramente o socialismo como meta. Um partido popular que se rege por princípios democráticos, por militância ativa e permanente e que rejeita ser uma simples sigla eleitoral.
————————————————————————————————————————-
[1] O nome “Reformas de Base” foi dado pelo então presidente João Goulart, para caracterizar uma série de propostas em setores importantes da gestão pública como educação, fiscal, político e agrário. Suas ações buscaram fortalecer a bandeira unificadora, a valorização do trabalho no campo e o combate ao processo produtivo nos latifúndios, o fortalecimento da indústria nacional, a valorização do comércio nacional, maior taxação das multinacionais e por fim o debate profundo da reforma urbana e combate contra a especulação imobiliária.

Postado por Carlos PAIM

Nenhum comentário: