Na semana passada, o presidente Lula decidiu permitir o uso dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) na capitalização que o Governo pretende realizar na Petrobras (PETR3, PETR4). A informação já foi confirmada pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que disse ainda não ter preparado o desenho da operação. Segundo ele, os detalhes serão discutidos com o Conselho Curador do FGTS no início de outubro deste ano. Lupi preside o conselho.
Assim como foi em 2000, essa opção de investimento aparece como uma excelente oportunidade para o trabalhador. Como o rendimento do FGTS é TR mais 3% ao ano [menor que o rendimento da poupança], arriscar uma parte desse patrimônio nas ações da Petrobras pode trazer retornos consideráveis no longo prazo.
Mas enquanto o governo não disponibiliza mais informações sobre o processo de uso do FGTS nas ações da Petrobras, vale a pena lembrar quais foram os critérios usados em 2000, quando aproximadamente 310 mil pessoas aplicaram em torno de R$ 1,7 bilhão em papéis da estatal nos FMP-FGTS (Fundos Mútuos de Privatização).
Para ampliar a base acionária da estatal visando negociá-la na bolsa de Nova York, o governo Fernando Henrique Cardoso disponibilizou aos trabalhadores a opção de adquirir R$ 3,4 bilhões em capital da Petrobras, mas a oferta não foi totalmente atingida, mesmo com o deságio de 20% sobre o preço das ações [enquanto o papel custava em torno de 53 reais, o trabalhador pagaria 34,46 reais por ação]. O trabalhador poderia utilizar até 50% do saldo existente no FGTS.
Para se ter uma idéia do sucesso desse investimento, o trabalhador que investiu nos papéis da Petrobras em agosto de 2000, utilizando os recursos do FGTS, conquistou rentabilidade de 881,54% (considerado o fechamento de 19 de setembro). No mesmo período, o FGTS rendeu em torno de 54%, de acordo com dados divulgados pelo instituto FGTS Fácil. Cá entre nós, uma diferença que vale à pena apostar, não?
E por falar em Vale, em abril de 2002, o governo FHC repetiu o modelo de venda de ações da Petrobras com a Vale. A resposta dos trabalhadores, entretanto, foi bastante diferente. O montante disponibilizado foi de R$ 1 bilhão, porém a procura atingiu R$ 3 bilhões. Portanto, o governo decidiu que cada interessado poderia adquirir apenas um terço das cotas pretendidas.
O motivo desse sucesso sem dúvida fora a rentabilidade dos papéis da Petrobras desde o leilão. Isso levou os trabalhadores a não desperdiçarem mais uma oportunidade de investir o capital do Fundo em ações. No curto período de um ano e oito meses do leilão da Petrobras para o da Vale, as ações já tinham rendimento superior a 200% e o FGTS apenas 10%. Ainda naquele ano cogitou-se a possibilidade de mais um leilão, desta vez com a oferta de ações do Banco do Brasil, mas a proposta não prosseguiu.
Segundo o presidente da FGTS Fácil, o processo de aprovação de eventual realização de uma nova venda de papéis da Petrobras deve ser rápido porque toda a estrutura está pronta. Sendo assim, só nos resta aguardar e ficar atento para aproveitar essa grande oportunidade que se anuncia.
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